Como fazer com que um Sistema de Gestão, desenhado com base em processos estáveis e sob controle, possa ser útil em ambientes tão complexos quanto o que vivemos?

Lewis Carroll em “Alice no País das Maravilhas” foi extremamente feliz em diversas passagens dessa obra. Em um dos célebres diálogos, Alice pergunta ao Gato “poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para sair daqui?”. A resposta do Gato não poderia ser mais provocativa, “isso depende bastante de onde você quer chegar”. Quando Alice completa dizendo que o lugar não importa muito, o Gato é taxativo em dizer: “Então não importa o caminho que você vai tomar”.

O que quero dizer com isso é que nenhuma organização terá sucesso ou minimamente sobreviverá se “não souber para onde quer ir”. Nesse contexto, uma das questões mais intrigantes que, por vezes, algumas organizações se formulam é: como fazer com que um Sistema de Gestão, desenhado com base em processos estáveis e sob controle, possa ser útil em ambientes tão complexos quanto o que vivemos seja sob o ponto de vista econômico, social, político ou qualquer outro?

A melhor resposta que eu conheço é composta por quatro importantes processos. Em todo os ambientes com os quais uma organização interage existem os chamados “early warnings”. Inicialmente, o desafio é: (1) reconhecer esses sinais de tendências e (2) conseguir comunicá-los de maneira ágil aos tomadores de decisões que necessitem tais informações.

Com estes dois processos presentes, chegamos ao terceiro: gestão de riscos e oportunidades. Afinal, capilaridade e comunicação ágil são necessários não apenas para identificar e mitigar riscos (manter os passivos sob controle), mas principalmente para identificar e explorar oportunidades.

O quarto processo que complementa a resposta é o de tomada de decisões. Cada vez mais as organizações estão percebendo que não é apenas a alta direção ou o Conselho de Administração que podem tomar decisões com enorme impacto financeiro ou reputacional.

Veja o exemplo da United Airlines onde uma decisão operacional e amparada em procedimentos formais gerou um impacto quase incomensurável.

Com capilaridade teremos toda a força de trabalho “atenta” a sinais de tendências e com meios de comunicação ágeis esses sinais chegarão onde devem chegar. Assim, riscos e oportunidades poderão ser gerenciados e as adequadas decisões poderão ser tomadas.

Agora, responda:

  1. A sua organização está totalmente atenta aos sinais de tendências externas?
  2. As pessoas sabem o que, como e para quem comunicar?
  3. Os riscos e as oportunidades são gerenciados?

Se você respondeu SIM às três perguntas anteriores, use essas informações e promova a tomada de decisões.

Em ambientes extremamente complexos, como o que vivemos, toda ajuda possível deve ser usada para “entender o que está acontecendo lá fora”. Adotando os quatro processos que citei e permitindo que eles sejam bem implementados, a organização terá muito mais chances de sucesso do que aquelas que concentram a leitura dos fenômenos externos em poucas pessoas.