Por Rogério Campos Meira

A ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem, presidia a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) da ONU em 1987. Teve um papel decisivo no desenvolvimento do conceito que conhecemos como “triple bottom line”.

Essa abordagem tornava o tema sustentabilidade mais palpável e muitas organizações passaram a comunicar o seu desempenho nas dimensões econômica, ambiental e social.

Sob uma perspectiva sistêmica – estas três dimensões deveriam ser analisadas de maneira integrada, afinal, estão profundamente interconectadas.

Esse conceito já possui mais de 30 anos!

O que vamos – porém – são análises isoladas e apaixonadas de cada vetor do desempenho.

Este tipo de análise não vai nos levar a lugar algum.

Em 25 MAR 2019, se completam exatos dois meses da catástrofe do rompimento de uma barragem em Brumadinho – MG.

Podemos dizer – a julgar pelo que está sendo publicado que – passados dois meses de profundas discussões sobre os impactos negativos sob os pontos de vista ambiental e social, agora se está percebendo o impacto econômico negativo que a interdição das atividades mineiras traz.

Precisamos, com urgência, compreender – de verdade – o conceito do “triple bottom line”.

Seria como se organizássemos uma grande audiência pública e outorgássemos exatamente a mesma quantidade de tempo para que fossem apresentados os impactos ambientais, sociais e econômicos.

E – à partir de tais exposições – com toda a serenidade e visão sistêmica, se definisse o melhor curso de ação.

Enquanto permanecermos com análises / defesas maniqueístas, vamos permanecer com nossos solavancos e surpresas.

Algo da linha: quando a defesa do benefício econômico prevalece, “liberamos geral”.

Com a ocorrência de tragédias, travamos tudo.

Aí volta a pressão pela atividade econômica.

Como diria Gonzaguinha em “Grito de Alerta”: “até quando?”.

* Rogério Campos Meira é Diretor Executivo da Academia Tecnológica de Sistemas de Gestão, um “think tank” em Sistemas de Gestão, e é um expert reconhecido internacionalmente em temas como Riscos, Compliance e Auditorias de Sistemas de Gestão.