Por Rogério Campos Meira

Coincidências não existem.

Entre 2002 e 2006, os três players tradicionais da aviação civil no Brasil encerraram melancolicamente suas operações, VARIG, VASP e Transbrasil.

Em 2009, a Operação Lava Jato inicia suas investigações. Na sua esteira, as grandes empreiteiras nacionais têm – hoje – uma dimensão muito menor da que já foi outrora.

Em 2013, tivemos a Boate Kiss, no RS.

Em 2015, Mariana, em MG.

Em 2017, a Operação Carne fraca focou empresas de alimentos.

Em 2019, Brumadinho, em MG e – mais recentemente – o Centro de Treinamento do Flamengo, no RJ.

O que todas estas tragédias tem em comum?

A relação “público-privado”!

Dependendo do caso, o Estado – em suas várias esferas – está no papel de Regulador, Regulamentador / Fiscalizador, ou mesmo Comprador.

De outro lado, temos Organizações Privadas com suas atividades Reguladas, Regulamentadas / Fiscalizadas ou mesmo no papel de Fornecedores.

Não pode ser – e não é – coincidência que em TODOS os casos listados a pouca transparência associada à complexidade dos relacionamentos entre Estado e Organizações Privadas leva a um imbróglio que torna praticamente impossível a identificação das causas reais destes desastres.

A simples busca de responsáveis, além de inócua para evitar novos acontecimentos, raramente atinge os verdadeiros responsáveis.

Precisamos SIMPLIFICAR e tornar muito MAIS TRANSPARENTE o relacionamento entre Estado e Organizações Privadas. Vamos ter que começar a pensar do ZERO ! Abordagem “enxuta” mesmo ! O que precisa ser exigido ? E o que for definido, que seja cobrado de maneira efetiva.

Do contrário, a cada dia vamos nos embrenhar mais e mais com catástrofes sociais em que se inicia um verdadeiro “jogo de empurra” para saber qual licença não estava válida, porque determinado órgão não fiscalizou, etc, sempre aos trancos e barrancos, com Boates Kiss, Mariana, Museu Nacional do Brasil, Brumadinho, CT do Flamengo, …

Um dos axiomas de Auditoria – sob o ponto de alguns Auditados, naturalmente – é “o que está enrolado, está conforme”.

A aplicação desta máxima tem sido um enorme entrave ao desenvolvimento do Brasil!

* Rogério Campos Meira é Diretor Executivo da Academia Tecnológica de Sistemas de Gestão, um “think tank” em Sistemas de Gestão, e é um expert reconhecido internacionalmente em temas como Riscos, Compliance e Auditorias de Sistemas de Gestão.